Empresários do comércio e do setor de serviço, como bares e restaurantes, são contrários à redução da jornada de trabalho com o fim da escala 6 x 1, proposta que ganhou as redes sociais nos últimos dias. Eles preveem aumento de custos e até “onda de demissões”, caso a alteração seja aprovada.
Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), diz que, além da alta de custos, há o risco de aumento da informalidade, que atinge 3,6 milhões dos cerca de 5,1 milhões de trabalhadores do setor:
— Não há mão de obra, todos os estabelecimentos do setor estão com vagas abertas. E se for cada vez mais criando custos e aumentando regras, em vez de criar um ambiente favorável à formalização, a gente acaba estimulando o contrário. É uma ideia estapafúrdia porque ela surge sem ouvir o consumidor. Sem redução salarial, é inevitável o repasse dos custos.
Confederação Nacional do Comércio (CNC) defende que as mudanças de escala devem ser discutidas nas negociações coletivas. A entidade argumenta que a redução da jornada sem redução de salários levará a um aumento dos custos operacionais das empresas e que pode provocar uma “onda de demissões, especialmente em setores de mão de obra intensiva”.
Esse aumento inevitável na folha de pagamento pressionará ainda mais o setor produtivo, já onerado com diversas obrigações trabalhistas e fiscais. O impacto econômico poderá resultar, para muitas empresas, na necessidade de reduzir o quadro de funcionários para adequarem-se ao novo cenário de custos, diminuir os salários de novas contratações, fechar estabelecimento em dias específicos, o que diminui o desempenho do setor e aumenta o risco de repassar o desequilíbrio para o consumidor”, afirma a CNC, em nota.
Mas há quem defenda novos modelos. Depois de 12 anos como funcionário de shopping, trabalhando em escala 6×1, com apenas uma folga semanal, o empresário Eduardo Mattos conseguiu reduzir a jornada no seu negócio, implementando o regime 5×2.
Mais a quem defenda Depois de 12 anos como funcionário de shopping, trabalhando em escala 6×1, com apenas uma folga semanal, o empresário Eduardo Mattos conseguiu reduzir a jornada no seu negócio, implementando o regime 5×2.
Tema divide especialistas: Fim da escala de trabalho 6×1 ganha as redes sociais, mas é viável?
Desde janeiro, os 12 funcionários da hamburgueria que fica em Botafogo, na Zona Sul do Rio, folgam duas vezes por semana. A equipe trabalha integralmente entre quarta-feira e sábado, numa jornada de 7 horas diárias. Nas segundas, todos folgam, e aos domingos e terças-feiras, há um revezamento, com metade dos funcionários trabalhando e os outros seis de folga.
— Para mim era uma questão ideológica. Sei como é cansativa a escala 6×1 e sempre pensei em mudar, mas só consegui quando cheguei num nível de faturamento e tamanho de equipe. Estamos crescendo a 10% ao mês. Claro que é por um conjunto de fatores, mas tenho a certeza que essa mudança fez toda a diferença— analisa o empresário, acrescentando;
— As faltas caíram e temos pouquíssima rotatividade de funcionários. Virou um diferencial competitivo de contratação, porque a equipe vê que isso é raro no mercado e se dedica mais. Eles entenderam como um benefício.